24 de julho de 2017

Onde é sua casa?

São tantas ideias, tantos pensamentos, horas e horas de incontáveis experiencias. Horas e horas de espera em pontos de ônibus, horas e horas com aquele olhar vazio lançado pela janela do transporte coletivo. Quanto tempo gasto no trajeto da casa pra escola. Quanto tempo sentada em salas de aula sem prestar atenção em nada. Quanto tempo se imaginando adulta, quantos planos e sonhos pensava em realizar com a mudança dos números correspondentes a idade.
O tempo é tão implacável, ele escorre como areia entre os dedos, e a realidade é que você faz o que acredita ser o melhor, e na maioria das vezes não é, porque pensamos que sabemos muito o bem o que queremos, mas não sabemos, nós não sabemos o quanto vamos querer cavar um buraco no chão e sumir, não imaginamos quantas lagrimas de frustração, quantos momentos de solidão, não estamos cientes do monstro da rotina e de como ele devora nossos dias um a um sem nós percebermos.
Tempo. É tudo questão de perspectiva.
Eu não sei quando foi que me dei conta do que eu acreditava que seria e do que me tornei.
Eu não sei dizer quem é a menina de cabelos vermelhos de quinze anos atras.
Onde está aquela jovem que gostava de andar na ponta dos pés pelos muros na madrugada?

Essa moça não sabia mas ela sempre quis um lar.
Um lugar pra voltar e chamar de seu.
Ela quer um cachorro, e uma samambaia.
Ela quer caixinhas espelhadas em mesas de centro, sobre o tapete macio da sala de estar.
Panelas antiaderentes, e lindos copos de vidro.
Ela quer um banheiro seu, e cortinas azuis no quarto, um tapete ao lado da cama combinando.

Ela quer aquele cara diferente do que ela imaginava na juventude, alias ela quer um cara, antes ela não achava que precisasse de nenhum. Mas não é que precisa é que agora ela quer, quer tanto que se assusta as vezes por que ele vai estar ali ocupando seu coração ate o final de seus dias. Quanto tempo dura o pra sempre afinal? Se ele esta ao seu lado o tempo sempre corre.
Ela quer dividir as tarefas de casa e cozinhar com ele, ela quer andar descalça pelo chão limpo de sua casa usando apenas uma camiseta sem se preocupar com mais nada!
Ela quer um bebê com olhos castanhos profundos como os do pai, ela quer contemplar o crescimento dos filhos como indivíduos e pensar que sim, fez um bom trabalho.
Ela quer o aconchego do abraço quente dele no final da batalha diária, quer poder respirar aliviada porque sabe que ele dorme ali ao seu lado.
Seu lugar preferido, o sofá de relaxar aos domingos, a cor escolhida especialmente pra a parede do quarto, e o piso da cozinha, a divisão das despesas e o chá quente quando ela adoecer, seu lar.
E seu mundo é muito mais simples do que ela pensava que poderia ser, mas muito maior do que jamais poderia sonhar.
Ela quer uma família, quem diria, quer uma família daquelas bem clichê, quer um marido pra chamar de Bem ate o fim de seus dias.
Quanto tempo dura o pra sempre afinal?
Ela só sabe que o amor, há o amor dura pra sempre, e uma casa construída com amor, não vai desmoronar.

29 de junho de 2017

Beijo de língua

Da timidez nasceu uma flor.
Ela foi regada com sorrisos espontâneos e palavras sinceras.
Foi crescendo em uma atmosfera natural e integrada.
A flor tinha uma beleza única um nascimento ao maravilhoso do acaso.
Ela poderia se chamar esperança, ela poderia ser chamada de beijo.

Flor bela cultivado pelo destino e a vontade. Que desabrocha com intensa suavidade.
As pétalas da flor são seu toque macio, sua textura de quero sentir mais, tato, olhos fechados, sentir.
Seu beijo é arrebatamento e criaçao de raízes para flor selvagem do desejo, antes e agora de terna amizade.
Seus lábios são gatilhos que despertam sonhos e os vão tornando realidade.
Sonho de partilhar, de ser e sentir verdade, de dar e receber num fluxo perfeito de reciprocidade.
Um bem querer puro que flutua entre o idealismo e a realidade.

Curiosa flor que quer conhecer o mundo, de sensações, de sentimentos.
Se depara com o céu estrelado de possibilidades, se deleita com o presente, pisca para noite, e ali brilha onde antes não havia luz.
Beijo! Boca que se abre, entrega, é coração que despara, mãos que entrelaçao, almas que se tocam, descoberta, encontro!

18 de junho de 2017

Ate breve.

O homem que mais amei, era cético, tinha um humor ácido, era autêntico, não se importava com o que munda pensava. Falava vários idomas mas conversava com os olhos, tocava vários instrumentos, mas tocava a alma com o sorriso.
O homem que eu mais amei me dizia não, me dizia dane se, se vira, você é capaz. Ele dizia sim, estamos juntos, eu te ajudo, vamos conseguir.
Não era romântico, mas me dedicava tempo, carinho, e músicas.
O homem que eu mais amei, recusou meu pedido de namoro diversas vezes, e dizia que não havia futuro para nós, que não queria romance, que não queria filhos, que não casar, que queria o mundo. Mas seu lugar preferido era a casa da sua avó, era um genio com crianças, a prioridade era sempre minha filha, ele podia morar em qualquer coração pois era um homem muito fácil de se amar. Daqui dez anos ele dizia, daqui dez anos podemos nos casar.
O homem que mais amei morreu há três anos, e não soube me despedir dele, ainda procuro palavras para um adeus, nunca encontro.
Mas esse homem queria que eu seguisse em frente, que eu fosse feliz, que eu cuidasse de mim, eu estou tentando a cada dia cumprir o seu desejo, eu quero isso, ser feliz comigo mesma, e finalmente abrir meu coração para amar novamente alguem com todo o meu ser.

Adeus jamais, somente um até breve, a vida nunca acaba, muito menos o amor.

Um abraço por trás.

12 de dezembro de 2016

The End.

Quer saber como acaba? Não acabou bem para nós dois.
Você se lembra daquele ultimo dia no hospital, quando você já não conseguia mais falar, e toda a força que tinha usava para apertar as minhas mãos na tentativa de eu entender as palavras que você não podia dizer.
Você se lembra dos beijos que espalhei por seu rosto tentando memorizar cada parte dele, tentando eternizar aquele momento o ultimo beijo de despedida, em sua face.
Acariciei o pouco cabelo que ainda lhe restava, cuidadosa para não tocar em nenhuma ferida em sua pele.
Você se lembra de quando me mostrou dedo quando eu disse que se você fosse curado devia se tornar pastor? Eu ri alto da sua recusa instantânea, você sempre foi sincero demais.
Lembro quando me pediu que me afastasse, que eu não ficasse do seu lado ate o fim, que você não poderia me ver sofrendo ao seu lado por sua causa. Você sempre me poupou da vida, mas me deixou sozinha e vulnerável nela. Viver é estar vulnerável nós sabemos.
Me lembro de como tocava meu rosto com os seus dedos magros, dedos que amava ver dedilhando o violino, ouvir aquele som que me transportava para um mundo melhor, e isso acabou.
Acho que quando você partiu levou com você todo amor que outro alguém poderia sentir por mim. Ninguém vê o que você via em mim, todos vêem um corpo, um olhar perdido, você levou embora o brilho dos meus olhos.

Porque você se achou no direito de me fuder desse jeito? Morrer e me abandonar nessa droga, sabia que eu não conseguiria, você ate tentou me preparar, mas não deu certo. 
Você sabia que Alice me obrigaria a viver, não é justo.
Não foi justo me deixar aqui, todos só querem me usar e partir, não passo de uma escada para as pessoas pisarem, não me venha com essa de que eu sou capaz de reverter a situação porque eu fiquei incapaz aqui e você nem sabe porque foi embora, foi embora e mal me deixou me despedir. 
Um beijo de longe, um beijo que lancei no ar e você pegou, o adeus, o adeus dói demais quando é pra sempre, dói demais.
Você se lembra de como me ensinou a rir das coisas tristes, eu não quero mais rir delas, eu quero sentar e chorar ate que meu corpo desista, quero me desidratar de tantas lagrimas derramadas, você não vai estar aqui pra brigar comigo mesmo. Depressão é coisa séria você dizia, pois bem estou levando a sério minha depressão, dois anos e quatro meses de depressão séria e profunda.
Te odeio, queria quebrar seu violino, odeio suas palavras de adeus não ditas, odeio suas mãos que me guiavam pela rua, odeio sua voz dizendo pense, pense, pense. Não agüento mais pensar e não encontrar solução pra mim.
Sabe o que mais eu odeio?  Não ter sido o amor da sua vida, e nem você o da minha.
A vida nos roubou, e quando pensamos que teríamos um ao outro ela nos roubou outra vez.
As vezes eu penso que você morreu por minha culpa, que se eu não tivesse entrado na sua vida você estaria por ai saudável andando pelo mundo.

Eu sou amaldiçoada, é assim que acaba.

23 de novembro de 2016

A dor de ser real.

Não precisamos mais mentir.
Não há o que esconder, a verdade veio e entrou como uma faca enferrujada em meu coração.
Estava tudo sempre ali diante de mim, para não sentir aquela dor da verdade, eu me apeguei a mentiras, muitas delas que eu mesma contei, contei ao meu coração mentiras só para agrada-lo, contei mentiras a minha mente para ela me deixar dormir.
Você contou mentiras para mim, mas você  o autor da mentira, não sabe dizer porque a criou, não sabe porque acreditou na historia que você mesmo inventou. Ficou perdido entre o que era real e o que você gostaria que fosse, ignorou todos os avisos e seguiu em uma estrada que não existia, e que nos levaria a todos ao sofrimento.
Mas a verdade sempre vem, e quando ela chegou eu quis partir, quis correr para o caminho que eu acreditei existir mas, não havia nada ali, nada alem de ilusões despedaçadas, sonhos que não sonhei, esperanças que não cultivei, planos desfeitos, um futuro abandonado, tudo que havia ali era um cemitério, sentimentos perdidos, sentimentos não correspondidos, decepções pra onde quer que eu olhasse, ate mesmo para o espelho.

Quando foi que eu me deixei enganar, eu que calejada da vida já conhecia o amargo sabor da desilusão, quando foi que se tornou mais fácil acreditar na mentira no que na realidade. Creio que o mundo se tornou por demais hostil e para me proteger eu me apeguei a realidade que inventamos. Não posso culpar você pois sei que você só queria um lugar seguro para se esconder.
Mas a mentira não é segura, é traiçoeira e implacável, esperado a hora certa para nos apunhalar pelas costas quando estivermos confortáveis.
Eis que vem a verdade e nos bate de frente, esfregando em nossos olhos tudo aquilo que não queríamos ver.
Eis que você não é meu nem eu sou sua, porque não pertencemos nem a nós mesmos.
Corremos tanto em tantas direções desejando que a primeira que seguíssemos fosse a direção correta, que não nos preocupamos com a bagagem, não nos preparamos para os percalços do caminho, apenas saltamos em um profundo mar de ilusões sem coletes salva vidas.
Agora a verdade vem como uma corda lançada para um náufrago, a nos resgatar de nosso devaneio.
O sol fere os olhos quando olhamos diretamente para ele, assim é quando nós encaramos por dentro, quando vemos nossa verdadeira face.
Feridos ficamos quando admitimos nossas falhas e feridos seguimos tentando concerta-las.
Eu aceito a dor que a verdade pode trazer, como uma raspagem na pele de um queimado, a dor que se sente quanto se descarta a pele ferida, aceito as cicatrizes, e aprendo com elas.
Não quero mais enganações não quero mais meias verdades, quero ser real doa o quanto for, pois essa dor melhor do que aquela que sentimos quando nos descobrimos caindo de um castelo de mentiras.
Eu prefiro sentir a dor de ser real, de falhar tentando acertar, do que viver na ilusão das mentiras, enganando a mim mesma e aos outros sendo quem não sou, desejando o que não posso ter buscando algo que não existe.
Sim eu quero ser de verdade, e quero tudo que eu lutar e merecer possui, pois se constrói na verdade, a mentira só sabe destruir.


17 de outubro de 2016

My little sister

Algumas pessoas não foram feitas para pouco amor. 
Minha irmãzinha é assim, feita pra o amor em demasia.
Não que ela seja feita de excessos, mas seu coração é mundo infinito de generosidade.
Ela tem aquele jeito único de cativar a alma, jeito de falar com o olhar, sereno, doce e acolhedor. 
Ela tem seus braços abertos para receber e as mãos prontas para doar.

Quando era criança seus olhos castanhos eram atentos e curiosos, mas sempre cheios de carinho, ainda agora é igualmente curiosa e carinhosa. Descobrir o mundo só abriu seu apetite para desvendar o inimaginável.
Seu sorriso fascinante como o céu estrelado me faz pensar na vastidão do universo, e eu imagino que em milhares de combinações e possibilidades este universo me deu o privilégio de ter em minha vida esta irmã, irmã a quem eu escolhi, escolhi para ser minha amiga e cúmplice, parte afetuosa de mim enquanto eu viver.

Mesmo quando ela não esta aqui a lembrança do seu afeto me conforta, mas conto os dias para que ela volte, e eu possa olhar em seus olhos e saber que o mundo ainda é lugar que vale a pena viver.
Acho que é isso, vida, ela me faz sentir viva e capaz de escalar o Everest.

Ela é como a chuva que renova o verde das planícies, é o raio de sol através das copas das arvores, livre e destemida como se pudesse montar cavalos selvagens em uma corrida na praia.
Ela é dona de um terreno precioso do meu coração, onde ela só planta sementes de luz.
Mais que minha irmãzinha é uma dádiva nesta louca vida que parece ter mais valor quando a vejo pelo seu olhar.


8 de março de 2016

Fogos de artifícios

Em determinados momentos em nossas vidas existem pausas.
As vezes grandes pausas, ou pequenos percursos de tempo, mas elas acontecem, seja no auge do sucesso, ou da decadência.
Mas durante essas pausas algumas coisas ficam suspensas, coisas significativas.
Isso tende a nos levar a olhar novas coisas ou com novo olhar a velhas coisas.
Tende a nos tornar mais introspectivos, e buscarmos maior reflexão sobre nossas atitudes e quem somos. Quem pretendemos continuar a ser.
Em certo ponto temos de entrar em consenso consigo mesmos, e se entra num processo de aceitação do autoconhecimento que se adquiri, pois nem sempre nos reconhecemos e aceitamos a nós mesmos.
Ter consciência de defeitos, qualidades, pesar atitudes, medir distancias, nada é simples quando é algo que acontece em nosso interior.

Então algo ocorre, o amadurecimento, seja de ideias, valores ou atitudes.
O amadurecimento enriquece nossas relações com o mundo exterior e interior.
Oportunidades antes não vistas surgem, acontecimentos ao acaso que passariam despercebidos são notados.

Pessoas são os seres mais complexos e desafiadores de se conhecer.
Durante uma pausa como essa, você não espera tanto da vida, você se da mais chances, cria menos expectativas, abre mais portas e janelas.
O momento vai se tornando oportuno para algo especial acontecer.
Acaso, sorte ou destino, seja como for se estivermos abertos tudo pode acontecer.
Um projeto novo, desafiador.
Alguém especial, notável que te toma a atenção.
É como uma luz que se ascende fraca e vai se fortalecendo aos poucos, quando se da conta esta brilhando em seus olhos, presente no seu riso, nos seus planos para o futuro.
Quando essa luz se ascende não se pode apaga la com um clique.
É bom que se esteja pronto pois diante da luz não é fácil de se esconder.
Se torna um momento de disposição. Você esta disposto a ser invadido por essa luz?